Uma polêmica recente envolvendo a psicóloga Marisa Lobo traz à luz a discussão sobre fé e ética e os modos de buscar sua coexistência. Será que a garantia constitucional à liberdade individual nos isenta de uma postura de neutralidade na prática do exercício profissional? Essa neutralidade é possível? E o Estado laico, assim como outras instituições, podem coagir o cidadão a deixar de manifestar suas convicções religiosas?
Marisa Lobo foi intimada pelo Conselho Regional de Psicologia (CRP) DO Paraná a retirar de seu site, blogs e redes sociais todo material que vinculasse sua profissão a crenças religiosas particulares, sob o risco de cassação do registro profissional. A psicóloga entende que está sendo perseguida, porém, afirma que não vai acatar a ordem do conselho, tampouco negar sua fé, e continuará a exercer suas atividades normalmente, ainda que sofrendo ameaças de algumas militâncias.
Para Marisa Lobo, o psicólogo acima de tudo é um ser humano, portanto, dotado de valores próprios. Alías, a Psicologia como "ciência da alma", também seria subjetiva, uma vez que apresenta teorias baseadas em percepções de diversos autores. Apesar disso, ela alega que não induz nenhum paciente às duas convicções cristãs.
"Temos que entender que quem manda na terapia é o paciente. não o psicólogo. Se o desejo dele é seguir sua religião, sua tradição, não posso interferir como muitos psicólogos fazem, induzindo o paciente a acreditar que todas suas dores provém de falta de sexo ou fanatismo religioso. É uma teoria de desconstrução do sujeito. Tiram Deus da pessoa e a deixam só. Quem acredita em Deus, tem uma religião, uma fé, fica aleijado em suas emoções, e isso ninguém quer saber", afirma a psicóloga que defende mudanças no código de ética da profissão.
Entendendo a importância do debate, o líder da frente parlamentar evangélica, João Campos (PSDB-GO), disse que pretende levar o assunto para a discussão em audiência pública.
"A ética médica, inclusive a ética do profissional de psicologia, recomenda que o profissional ao tratar a um paciente use apenas a orientação da ciência médica e não suas convicções políticas, religiosas, filosóficas, etc. Mas daí querer impor um comportamento a esse profissional fora do seu consultório não é razoável no estado democrático", assegura.
Caso que se repete
Marisa Lobo não é a primeira a viver esse embate. Em 2007, a psicóloga Rozangela Justino recebeu censura pública do Conselho Federal de Psicologia do Brasil (CFP), que confirmou resolução do CRP do Rio de Janeiro. Foi alegado que Rozangela oferecia tratamento de reversão da homossexualidade, no entanto, a profissional não teve registro cassado.
Fonte: Jornal Nosso Tempo, nº 38, Março de 2002.
Marisa Lobo: Site Oficial | blog | YouTube | Twitter
Marisa Lobo foi intimada pelo Conselho Regional de Psicologia (CRP) DO Paraná a retirar de seu site, blogs e redes sociais todo material que vinculasse sua profissão a crenças religiosas particulares, sob o risco de cassação do registro profissional. A psicóloga entende que está sendo perseguida, porém, afirma que não vai acatar a ordem do conselho, tampouco negar sua fé, e continuará a exercer suas atividades normalmente, ainda que sofrendo ameaças de algumas militâncias.
Para Marisa Lobo, o psicólogo acima de tudo é um ser humano, portanto, dotado de valores próprios. Alías, a Psicologia como "ciência da alma", também seria subjetiva, uma vez que apresenta teorias baseadas em percepções de diversos autores. Apesar disso, ela alega que não induz nenhum paciente às duas convicções cristãs.
"Temos que entender que quem manda na terapia é o paciente. não o psicólogo. Se o desejo dele é seguir sua religião, sua tradição, não posso interferir como muitos psicólogos fazem, induzindo o paciente a acreditar que todas suas dores provém de falta de sexo ou fanatismo religioso. É uma teoria de desconstrução do sujeito. Tiram Deus da pessoa e a deixam só. Quem acredita em Deus, tem uma religião, uma fé, fica aleijado em suas emoções, e isso ninguém quer saber", afirma a psicóloga que defende mudanças no código de ética da profissão.
Entendendo a importância do debate, o líder da frente parlamentar evangélica, João Campos (PSDB-GO), disse que pretende levar o assunto para a discussão em audiência pública.
"A ética médica, inclusive a ética do profissional de psicologia, recomenda que o profissional ao tratar a um paciente use apenas a orientação da ciência médica e não suas convicções políticas, religiosas, filosóficas, etc. Mas daí querer impor um comportamento a esse profissional fora do seu consultório não é razoável no estado democrático", assegura.
Caso que se repete
Marisa Lobo não é a primeira a viver esse embate. Em 2007, a psicóloga Rozangela Justino recebeu censura pública do Conselho Federal de Psicologia do Brasil (CFP), que confirmou resolução do CRP do Rio de Janeiro. Foi alegado que Rozangela oferecia tratamento de reversão da homossexualidade, no entanto, a profissional não teve registro cassado.
Fonte: Jornal Nosso Tempo, nº 38, Março de 2002.
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