A parábola do fariseu e do publicano pode ser usada como argumento contra arrecadação de dízimos e contra a prática do jejum?
A resposta é não.
A parábola O Fariseu e o Publicano está registrada em Lucas 18.9-14.
Os publicanos eram cidadãos que trabalhavam coletando impostos dos israelitas, eram pessoas ilustres na sociedade, porém, possuíam a fama de ser inimigos de seus concidadãos porque trabalhavam para Roma, que colonizava Israel.
Os fariseus eram um grupo de judeus que viviam separados de todos, se consideravam mais santos do que todos os outros grupos religiosos. Procuravam separação por meio de diferenças nos costumes de alimentação e rituais, mas na maior parte das vezes isso era superficial, não existia temor a Deus.
Lucas 18.9: podemos ler qual é a finalidade da párábola. [Jesus] "propôs também esta parábola a uns que confiavam em si mesmos, crendo que eram justos, e desprezavam os outros".
Lucas 18.11-12: Na oração do fariseu, encontramos uma lista de ações ruins que ele não cometia, e por não cometê-las havia em seu coração a sensação de que era alguém superior aos que as cometiam. O fariseu não roubava, não era desonesto, não adulterava. Após orar dizendo o que não fazia, passou a dizer o que fazia: jejuava duas vezes por semana e dava o dízimo de tudo o que ganhava.
Ora, Jesus quis ensinar que o cristão precisa confiar em Deus, jamais em si mesmo. As obras que fazemos, por mais certas e justas que sejam, jamais nos transformarão em pessoas justificadas perante Deus e jamais servirão de passaporte para desprezar o próximo. “Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças como trapo da imundícia; e todos nós murchamos como a folha, e as nossas iniqüidades como um vento nos arrebatam” - Isaías 64.6.
Em nenhuma parte dessa parábola há censura ao ato de dizimar. Quem entende que existe censura à pratica do dízimo, então deve alegar também que existe censura à prática de jejum, pois são as duas práticas que o fariseu fazia e sentia grande orgulho por ser praticante delas.
Todo o cristão, praticante do ato de dizimar e jejuar, ou não, precisa ter muito cuidado para não ser escravizado pelo orgulho. É preciso evitar que o sentimento de superioridade domine o coração.
Quem se sente justo através de suas ações religiosas deve rever seus conceitos. Só Jesus Cristo é quem nos justifica, pois viveu e morreu sem pecar. É o sangue derramado na cruz que purifica o ser humano de seus pecados. Quando o ser humano abandona o orgulho, confessa seus pecados e decide firmemente deixar de pecar, então é realmente limpo e justificado (1ª João 1.8-9).
O religioso que sente-se superior, age igual o fariseu É um acusador: "Nem ainda sou como este publicano" - Lucas 18.11.
No entanto, o relato dessa parábola não declara que o publicano roubava, não diz que era cidadão desonesto e adúltero.Também não esclarece se era ou não era dizimista e praticante de jejum. Essa era a impressão errada do fariseu contra o publicano.
É importante tomar cuidado com a impressão que temos do próximo. Só Deus sabe quem são elas. Só Deus tem o atributo da onisciência e é capaz de saber o que realmente está dentro dos corações alheios.
Enfim, não é possível usar esta parábola para defender que o cristão deve ser dizimista ou não, jejuar ou não. Podemos usar este texto para ensinar que é preciso amar a Deus sobre todas as coisas, confiar nEle. E usá-lo para ensinar a respeito da necessidade de amar o próximo como a nós mesmos, não desprezar o semelhante, mesmo que exista impressão ruim sobre ele.
E.A.G.
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