Com todo respeito ao trabalho de Rudolf Bultmann
Bultmann (1884-1976) foi um professor luterano, que lecionou na Universidade Marburg, na Alemanha. Fez uma tentativa de descobrir o Jesus histórico nos relatos dos Evangelhos. Ele afirmou que o Jesus histórico foi encoberto pelos mitos contidos nas cartas do apóstolo Paulo e adições da Igreja nos Evangelhos. Após seis anos de pesquisas, concluiu que seu trabalho era infrutífero porque os Evangelhos estavam repletos de lendas. Mas, disse também que podemos encontrar um significado em nossas vidas através da fé em Cristo.
Bultmann, como teólogo luterano, em suas palestras e escritos, nunca alcançou unânimidade entre os cristãos luteranos alemães e nem entre a cristandade de outras denominações protestantes, em seu país ou fora dele. Foi autor de obras bastante criticadas. Ele escreveu em 1941 uma monografia altamente controversa (Das Evangelium des Johannes) onde criticava duramente o Evangelho de João.
Faleceu muito doente, cego, em 1976, deixando uma Alemanha ocidental sem fé. Parece que nada produziu de positivo aos seus concidadãos, pois muitos templos protestantes naquele país estão fechados, se transformaram em salões de festa e casas noturnas.
O que eu li de Bultmann
Embora na minha biblioteca hajam muitos livros, eu nunca comprei se quer um livro de Bultmann. Por quê? Nesta geração, ele é um teólogo que caiu em descrédito no meio acadêmico cristão. Isso aconteceu tão logo a sua hermenêutica do programa de desmitologização foi traduzido ao inglês. Os seus escritos têm valor nos seminários, mas apenas para efeito de consulta no campo histórico e não dirigido ao ensino teológico que é aceito sem reservas. São consultas críticas, jamais de adesão às ideias dele.
As coisas que eu li dele foram na internet. As leituras só fizeram com que eu não me interessasse em comprar o que escreveu. Por exemplo, no livro Jesus Christ and Mythology encontramos o seguinte sobre a sua concepção da leitura da Bíblia:
"Para o homem moderno a concepção mitológica do mundo, da redenção e do Redentor são feitos com as concepções da escatologia. É possível esperar que vamos fazer um sacrifício do entendimento, intellectus sacrificium, a fim de aceitar o que não podemos sinceramente considerar verdade simplesmente - porque tais concepções são sugeridas pela Bíblia? (...) Em outras palavras, basta ler as partes da Bíblia que não ofender sua sensibilidade moderna, e ignorar o resto".
Num trecho tão pequeno, quantos absurdos! Para ele a fé é praticamanente ignorada, a experiência com o ensino do Espírito Santo é praticamente extinta!
Para Bultmann, Jesus reiterpretou a Lei de Moisés
Jesus não reinterpretou a Torah. Ele a interpretou corretamente. Ele foi contra os líderes, que faziam interpretações erradas. Quando Jesus disse "ouviste o que foi dito, eu vos digo...", falava sobre o que era ensinado pelos escribas e fariseus, que em muitos assuntos impunham aos judeus a Lei de forma errada, objetivando tirar proveito pessoal. Exemplos: sobre o corbã e sobre o sábado.
Um dos equívocos de Bultmann: O Sermão do Monte é a reinterpretação da Lei de Moisés
O Sermão do Monte (Mateus, capítulo 5 ao 7) mostra o resumo da doutrina de Jesus Cristo. As falas não são uma reinterpretação da Lei de Moisés, são a apresentação do Evangelho da Graça.
No Sermão do Monte, Jesus Cristo coloca a Lei de Moisés e a doutrina do Evangelho em paralelo e mostra a diferença da Dispensação da Lei e da Dispensação da Graça.
Jesus não fez interpretações novas da Lei, porque não a mudou. Ele incorporou partes do código mosaico ao cristianismo, porém, tocando na alma dos seres humanos, observando as intenções erradas de cada coração, afirmando que o pecado está dentro do coração do homem, dizendo que projetar mentalmente o pecado já é um pecado, mesmo antes que os pensamentos sejam consumados, ou jamais consumados.
Em suma, enquanto a Lei tratava apenas do exterior, a Lei de Cristo foca o interior do ser humano. Jesus não fez reinterpretação da Lei de Moisés, apenas colocou a distinção entre ela e o cristianismo.
Vejamos dois trechos:
“Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; mas qualquer que matar será réu de juízo. Eu, porém, vos digo que qualquer que, sem motivo, se encolerizar contra seu irmão, será réu de juízo; e qualquer que disser a seu irmão: Raca, será réu do sinédrio; e qualquer que lhe disser: Louco, será réu do fogo do inferno” - Mateus 5:21-22.
Matar continua sendo pecado, como a Lei de Moisés afirma, porém, Jesus deixou claro que apenas aborrecer o próximo e dar margem para a raiva já é considerado por Ele o mesmo que assassinato.
“Ouvistes que foi dito aos antigos: Não cometerás adultério. Eu, porém, vos digo, que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela” - Mateus 5:27-28
O ato da conjunção carnal entre pessoas que não tenham o compromisso do enlace matrimonial entre si, mas com outras, continua sendo pecado de adultério, conforme ensinado por Moisés. Porém, no cristianismo, o pensamento da lascívia, cobiçando uma pessoa casada com outra, já é considerado adultério.
Bultmann e a ressurreição
No livro A Teologia do Novo Testamento, o teológo usa um termo condenável, afirma que a ressurreição de Jesus é lendária, demonstrando não acreditar na ressurreição física de Cristo. "E, se Cristo não foi ressuscitado, logo é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé" - 1ª Coríntios 15.14.
Conclusão
Em Jesus Cristo e a Mitologia, Bultmann é grosseiro com os cristãos que creêm no poder de Deus, nas experiências vinda da esfera sobrenatural. Ele escreveu que tais crentes são seres com mentes primitivas. Diz que seus livros são obras dirigidas para pessoas modernas, objetivando que por meio de seus escritos todos possam ler a Bíblia com mais facilidade. Segundo ele, o espelho do homem não são as Escrituras Sagradas. O retrato do raça humana é encontrado na literatura de Thomas Mann, Graham Greene, Ernest Hamingway e até nas peças de Jean-Paul Sartre.
É por coisas assim que fica fácil entender porque Rudolf Bulltmann não entrou para a história como um teólogo conceituado.
E.A.G.
Muito bom seu texto. Paz!
ResponderExcluirGraça e Paz!
ResponderExcluirExcelente análise! Objetiva e bem fundamentada.
Um abraço!
Rô
ResponderExcluirObrigado por sua visita e pelas palavras elogiosas.
Volte mais vezes.
Deus a abençoe.
Marcos Wandré.
ResponderExcluirQue bom encontrar você por aqui!
Sinceramente, sem nenhuma dúvida, na minha concepção, Bultmann foi um dos maiores hereges do século 20.
Afirmo isso pelos motivos que elenquei no artigo, dentre estes motivos, o principal deles que me faz pensar assim é a afirmação que a ressurreição de Cristo não teria sido física.
Acredito que Bultmann contribuiu em muito para que a Alemanha seja o que é hoje, quase que totalmente anticristã.
Deus o abençoe.
Abraço.
Paz seja contigo, Pastor Eliseu
ResponderExcluirA melhor definição para a profissão de Bulltmann seria esta: não-teólogo, pois não crê em Deus, nega o fundamento da fé cristã, reduz Cristo a um mito e as Escrituras a meras histórias da carochinha. Hemingway cometeu suicídio. Grande exemplo de humanidade!Sartre discorreu sobre o Nada e nada achou. Basta verificar a biografia destes personagens para perceber que caíram em atoleiros filosóficos e humanos. Influência e qualidade literária à parte, prefiro um vaqueiro lendo uma Bíblia. Certamente tem mais a nos transmitir.
José Hilton.
ResponderExcluirCaro amigo e irmão, eu não exerço a função pastoral.
Sobre Bultmann, concordo contigo. Ele foi muiíssimo infeliz, pois perdeu-se em sua intelectualidade.
Ao ver tal situação, lembro-me que Paulo escreveu o seguinte: "o saber ensoberbece" (1ª Corintios 8.1 b - ARA). E concluo que é necessário buscar o conhecimento alinhado com a unção de Deus. Se não for assim, caímos no abismo do orgulho e perdemos a fé em Cristo.
Abraço.