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sexta-feira, 12 de julho de 2019

Conselhos para cristãos evangélicos divorciados


Por Gilson Bifano

Você se divorciou recentemente?

Muitos pastores e igrejas erram por não fazerem distinção a situação do divórcio e novo casamento e o mandado pastoral de ministrar em amor e com graça àqueles que tiveram o dissabor de passarem por uma experiência de divórcio. E pensando nessa necessidade, veja abaixo alguns conselhos práticos para quem se separou recentemente. 

Cuide-se. Procure cuidar da saúde. O divórcio tem um impacto tão grande nas emoções que o corpo pode  sofrer consequências. Cuide de suas emoções. Se achar que é preciso, não hesite em procurar ajuda terapêutica.

Cuide de sua alimentação, comece a se exercitar, procure ter uma vida saudável, especialmente se filhos pequenos e adolescentes estão envolvidos nesse processo.

Se você já viajou de avião, pode se lembrar daquela recomendação que as comissárias fazem, antes da decolagem: "Se houver despressurização na cabine, coloque a máscara de oxigênio primeiro em si e depois nas pessoas que estão ao seu lado, especialmente nas crianças." Você precisa estar bem para ajudar os seus filhos! 

Não se afaste da igreja. As igrejas, pelo menos muitas delas, já estão sabendo separar a teologia do divórcio da pessoa divorciada. Faça parte de uma igreja que seja, de fato, uma família. Uma igreja acolhedora ajudará você a superar essa fase difícil.

Conecte-se com pessoas que já passaram pelo divórcio. Um grupo de ajuda poderá ser muito útil a você neste momento. Muitas igrejas, hoje, já têm grupos de adultos solteiros que fazem programações de entretenimento e atividades culturais, bem como servem de apoio espiritual. De preferência, procure um grupo  que não esteja se reunindo com objetivo de arranjar casamento para seus membros.

Não fuja deste momento. Não sobrecarregue sua agenda para tentar esquecer a dor.  Se desejar chorar, chore. Elaborar o luto será importante para você prosseguir na vida de maneira saudável.

Reveja seu orçamento. Divórcio mexe com orçamento familiar. Converse com seus filhos sobre o novo momento e confie em Deus. Saiba que Ele não deixará faltar o que é necessário para a família.

Não fale mal do seu ex nem use seu filho como arma. Muitos cometem estes erros, falam mal do ex ou da ex para os filhos ou usam estes para feri-los. Lembre-se de que o casamento acabou, mas a relação pais e filhos continua.

Perdoe! Procure não guardar rancor do seu ex-marido ou ex-esposa. Perdoe a si mesmo. Perdoe seu ex-cônjuge. Guardar mágoa, rancor ou ódio só trará prejuízos para si mesmo.

Apegue-se a Deus. É verdade que Deus não deseja o divórcio, mas é verdade também que Ele ama, profundamente, todas as pessoas, inclusive os divorciados. Você é tão importante para Ele quanto aquele marido dedicado e aquela esposa amorosa de sua igreja.

E.A.G.

Fonte: Comunhão, ano 13, número 169, setembro de 2011, página 32. Jucutuquara / Espírito Santo (Next Editorial)

Gilson Bifano é pastor, escritor, pedagogo, filósofo e palestrante na área de casamento, família, sexualidade, educação de filhos e outros temas ligados à família. Lidera o Oikos - Ministério Cristão de Apoio à Família. Tem pós-graduação em Terapia da Família.

quinta-feira, 11 de julho de 2019

A escatologia na parábola O Joio e o Trigo

Na literatura mundial, de todos os tempos, não há livro mais cheio em material alegórico do que a Bíblia. As Escrituras Sagradas empregam a linguagem figurada para através delas transmitir verdades profundas e necessárias.

E nas páginas da Bíblia, não há nenhuma personagem que mais fez uso da parábola do que Jesus Cristo. Ao usar parábolas, Ele ilustrou lições com figuras familiares e fez referência especial aos seus diferentes efeitos produzidos nos homens de disposições diferentes, revelou o modo de progresso do Reino de Deus aqui na Terra e como será  a sua consumação.

Entre as parábolas que encontramos nos Evangelhos, a parábola do Joio e do Trigo é a que tem a explicação mais ampla sobre o Juízo Final e a natureza do Reino, de modo a não deixar dúvida na sua interpretação. Tudo ali está claríssimo: há um campo; há pormenores sobre este campo; fala de dois semeadores, um que semeia uma semente de boa qualidade e o outro que semeia ervas daninhas; fala do tempo da colheita e como e por quem ela será realizada.


"Jesus lhes propôs outra parábola, dizendo: 'O Reino dos Céus é semelhante a um homem que semeou boa semente no seu campo. Mas, enquanto todos estavam dormindo, veio o inimigo dele, semeou o joio no meio do trigo e foi embora. E, quando as plantas cresceram e produziram fruto, apareceu também o joio. Então os servos do dono da casa chegaram e disseram: 'Patrão, o senhor não semeou boa semente no seu campo? De onde, então, vem o joio?' Ele, porém, lhes respondeu: 'Um inimigo fez isso.' Mas os servos lhe perguntaram: 'O senhor quer que a gente vá e arranque o joio?' O dono da casa respondeu: 'Não! Porque, ao separar o joio, vocês poderão arrancar também com ele o trigo. Deixem que cresçam juntos até a colheita. E, no tempo da colheita, direi aos ceifeiros: ‘Ajuntem primeiro o joio e amarrem-no em feixes para ser queimado; mas recolham o trigo no meu celeiro.'" - Mateus 13.24-30.
Jesus diz que a boa semente foi lançada em boa terra, mas alguém semeou entre ela o joio. Esclarece que o joio precisa crescer junto com o trigo até a colheita, para depois ser arrancado, evitando desta maneira que, ao remover o joio, com ele seja tirado também o trigo. Percebendo a falta de compreensão dos discípulos, Cristo passa a revelar o significado de cada elemento que aparece na parábola. Explica:
"O que semeia a boa semente é o Filho do Homem. O campo é o mundo. A boa semente são os filhos do Reino; o joio são os filhos do Maligno. O inimigo que o semeou é o diabo. A colheita é o fim dos tempos, e os ceifeiros são os anjos. Pois, assim como o joio é colhido e jogado no fogo, assim será no fim dos tempos. O Filho do Homem mandará os seus anjos, que ajuntarão do seu Reino todos os que servem de pedra de tropeço e os que praticam o mal e os lançarão na fornalha acesa; ali haverá choro e ranger de dentes. Então os justos resplandecerão como o sol, no Reino de seu Pai. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça." - Mateus 13.37-43.

Tanto Jesus como o Diabo são semeadores. A parábola diz com extrema clareza que Jesus plantou o trigo, que representa os cristãos; Satanás plantou o joio, que representa os falsos irmãos; o tempo da ceifa será o tempo do fim; e que os ceifadores são os anjos. Apesar de estar tão claro, há muitos que têm a mente cauterizada, confundem as palavras do Mestre, dando-lhes uma interpretação que Jesus jamais autorizou; não sabem diferenciar o joio do trigo, para eles qualquer gramínea é trigo, desde que esteja no campo. Pensam que já foi realizada a colheita. A colheita ainda não está feita.

O plantio de joio é a configuração de uma ação diabólica, traduz o retrato da prática do mal ao extremo. Como erva daninha, o joio não tem nenhum valor comercial e é uma semente que não é possível diferenciar quando comparada ao trigo até que tenha brotado. No círculo da cristandade, os maus são semeados entre os bons, e a diferença nem sempre é visível. Muitos que não são do Senhor assemelham-se aos que são: eles frequentam os cultos e participam diretamente da liturgia, são leitores da Bíblia, oram como se fossem cristãos fervorosos, mas não têm Cristo, seus corpos não são morada do Espírito Santo e não amam a Deus.

Ninguém se engane, não pense que nas igrejas há somente grãos. A vivência na comunidade cristã nos tem mostrado que nelas sempre houve e haverá também a palha. As folhas secas são os crentes que se julgam superiores ao joio e ao trigo. Eles não vigiam, não guardam a Palavra de Deus em seu coração, e de quando em quando, cortam a erva daninha que tenta sufocar o trigo, não se importam com o aviso de Jesus Cristo. O Senhor disse que a separação de um e outro só cabe a Ele realizar, pois o homem é incapaz de limpar a plantação. Portanto, enquanto houver o cultivo do trigal, isto é, igrejas avivadas antes do Arrebatamento, haverá também a erva daninha ocupando espaço na plantação.

A ceifa acontecerá na primeira fase da Segunda Vinda de Cristo, quando então o trigo será separado pelo Senhor definitivamente da erva maligna. Quando ocorrer o Arrebatamento, apenas os crentes perseverantes na doutrina do Senhor, que preservam a fé e a simplicidade, serão salvos, somente os salvos irão com o Salvador para o Céu. Não há salvação aos que vivem dentro das igrejas sob o manto da religião, agindo dissimuladamente, pensando que apresentar-se como crente lhe dá o direito de praticar todas as coisas que a sua imaginação inventar. Quem não estiver espiritualmente preparado não será arrebatado pelo Senhor  (1 Coríntios 15.42-44; 50-56; Filipenses 3.20-21; 1 Tessalonicenses 4.15-16).

Quando Jesus falou sobre o joio e o trigo, seu objetivo era mostrar aos crentes o perigo da má influência que há aos que são trigos, pois convivem com o joio, os falsos irmãos que carregam no coração o amor ao mundo e suas efemeridades.


Ninguém se iluda. Toda pessoa, por mais religiosa que seja, que não queira se converter dos desejos desenfreados da carne ao senhorio de Jesus Cristo, terá a mesma sorte da igreja em Laodiceia (Apocalipse 3,14-22). Não pense que por haver crido em Jesus, está transformado definitivamente em trigo; o crente que não se manter vigilante e dormir, como fizeram os crentes da igreja de Laodiceia, ouvirá contra si a mesma frase que os laodicenses ouviram: "estou a ponto de vomitá-lo da minha boca" (verso 15).

Por acaso, não tinha a igreja de Laodiceia possuído a vida e o amor de Cristo? Não foi, a princípio, modelo de fidelidade, sofrendo pela causa e nome do Senhor? Sim. Mas depois aquela igreja se tornou morna, nem fria e nem quente, indiferente, e perdeu o direito às bênçãos. Embora antes tivesse sido a representação do trigo, veio a tipificar o misto do joio e da palha. Tal deformação ainda acontece nos dias atuais.

Muitos vivem no meio religioso julgando que são trigo, porém, na verdade, são o joio ou a palha. Caso o indivíduo não seja um praticante da Palavra de Deus, mesmo que viva assiduamente dentro da igreja a vida toda, não receberá a salvação; é possível frequentar uma igreja por toda a vida e não ser salvo. Conferir: Provérbios 13.13; Tiago 1.19-27.

O "não vos conheço" será proferido para muitas pessoas que diversas vezes disseram "Senhor, Senhor" e não obedeceram aos mandamentos de amar a Deus e ao próximo, não apresentaram o fruto do Espírito. Muitos que profetizaram, manifestaram dons espirituais de curas e expulsaram demônios, estiveram entre os verdadeiros servos do Senhor, ouvirão a sentença "afastai-vos de mim". Mateus 7.22-23.

O joio é joio tanto dentro quanto fora da igreja; de igual modo o trigo é trigo em todo o lugar que estiver. Portanto, ninguém se glorie sendo joio, por crescer no meio do trigo, ou seja, estar atrelado à rotina da igreja. Chegará o momento em que o trigo será recolhido e guardado no celeiro e o joio posto à distância, para ser julgado e condenado a passar sua existência no castigo eterno.

Conclusão

A serpente entrou no Paraíso como se fosse a melhor amiga de Eva; o sangue de Abel foi derramado por seu irmão Caim; Judas infiltrou-se entre os doze apóstolos e beijou Jesus hipocritamente, Estevão e Tiago foram martirizados por pessoas que pretendiam erradicar o cristianismo, falsos cristãos atrapalharam os ministérios dos apóstolos Paulo, Pedro e João. O joio está presente na Terra há bastante tempo!

A Terra pertence a Deus e nela Jesus Cristo proclamou o Evangelho da salvação, entregou sua vida no sacrifício da cruz para, sem pecado, morrer no lugar de todos os pecadores, ressuscitar dos mortos para que os pecadores arrependidos de seus pecados tenham a oportunidade de abandonar a natureza nociva de joio pelo bom caratismo do trigo.

E.A.G.

quarta-feira, 10 de julho de 2019

Cuidado com o que a memória diz

A Negação de Pedro.
 Arte do dinamarquês Carl Heinrich Bloch no ano de 1873.
Há memórias fortes e memórias fracas; há memórias privilegiadas e memórias que não vão além do nível comum. Quando perfeita, a memória pode ajudar de modo surpreendente quem a possui. Mas a memória também pode trair o seu dono. O indivíduo que confia demasiadamente nela corre o risco de entrar em situação vexatória, se o apontamento da memória não estiver exato, se a clareza de detalhes não for integral. 

Assim sendo, tenham o máximo de cuidado com a memória, pregadores, quando fizerem citação de trechos das Escrituras Sagradas, pois não é sempre que a memória retém as coisas satisfatoriamente.

Um dos pontos que muitos tropeçam com muita frequência, por confiarem na memória, é a narrativa sobre a negação de Pedro, quando Jesus estava sendo julgado. Comete-se equívocos quanto ao número de vezes que Pedro faltou com a verdade, dizendo não conhecer o Mestre, e no número de vezes que o galo contou naquela ocasião.  Todos que confiam na memória e afirmam que o galo cantou três vezes, antes que Pedro mentisse, infelizmente, estão confundidos. 

Quantas vezes o galo cantou antes de Pedro negar o Mestre? A Bíblia não declara que o galo cantou três vezes e nem Jesus fez essa afirmativa quando advertiu a Pedro acerca do ato da negação. O que está escrito é o seguinte: "Disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que, nesta mesma noite, antes que o galo cante, três vezes me negarás" - Mateus 26.34 (ARC). 

Três vezes se refere à negação e não ao cantar do galo. Observe com atenção a vírgula, antes da palavra "cante", e tudo estará esclarecido. O leitor apressado, que não respeita o sinal gráfico de pontuação que ali está, induz a memória a sugerir que o galo cantaria três vezes antes que Pedro cometesse seu ato falho.

O episódio que estamos comentando é um dos poucos que está registrado nos quatro Evangelhos: Mateus 26.31-35 e 26.69-75; Marcos 14.27-31 e 14.66-72; Lucas 22.31-34 e 22.54-62; e João 13.36-38 e 18.15-18, 25-27. Mateus e João relatam que antes que o galo cantasse uma vez, Pedro negaria o Senhor. Quem registra o número de vezes do canto do galo é o evangelista Marcos (14.72) e o faz nesses termos: "E no mesmo instante o galo cantou pela segunda vez. Então Pedro se lembrou da palavra que Jesus lhe tinha dito: “Antes que o galo cante duas vezes, você me negará três vezes.” E, caindo em si, começou a chorar" . 

O que acabamos de ler é exatamente o que está escrito nos Evangelhos. É claro que se tivéssemos que fazer uma recomendação aos que confiam em demasia na memória, diríamos que não convém confiar exageradamente. Confiar no que está escrito, sem alterar o lugar da vírgula.

Consulte a Bíblia antes de consultar a memória. Tome cuidado com os registros da sua memória.

E.A.G.
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Autor do artigo não identificado. Conteúdo extraído do periódico Mensageiro da Paz, ano 40, edição número 3, página 4, publicado em fevereiro de 1970 pela Casa Publicadora das Assembleias de Deus (CPAD), cidade do Rio de Janeiro, estado do Rio de Janeiro então denominado Guanabara. O conteúdo desta postagem é adaptado ao blog, com acréscimos de referências bíblicas, troca de vocábulos que caíram em desuso por outros agora em voga e uso das regras ortográficas da Língua Portuguesa que entraram em vigor em 1º de janeiro de 2009.

A Mordomia do Corpo


Por Eliseu Antonio Gomes

Introdução


A cultura deste mundo glamoriza a beleza física e a exposição de pessoas de maneira sensual. Mas o que a Bíblia Sagrada ensina sobre a mordomia do corpo?

Ao estudar Biologia, o aluno passa a dominar os conceitos básicos necessários para compreender de quase tudo que se passa em si e ao seu redor, habilita-se a tomar decisões corretas no sentido de preservar melhor a sua saúde e cuidar de modo apropriado do meio ambiente. Quando esta mesma pessoa volta a sua atenção para a Bíblia, recebe a informação de que o seu corpo na realidade não é seu, é propriedade de Deus. A biosfera é criação de Deus. Os ecossistemas terrestres e aquáticos são projetos de Deus.  Todo o Universo é do Criador, pois tudo é obra de suas mãos.

Por meio de livros e através de microfones nas igrejas, temos contato com sermões sobre o que Deus tem a dizer sobre nossas almas, nossas mentes, nossas vontades e nossas emoções. As Escrituras Sagradas falam sobre essas coisas e também sobre como Deus deseja que tratemos o corpo. E adverte: se destruirmos o nosso corpo, Deus nos destruirá (1 Corintios 3.17).


A tricotomia do corpo

"E que o espírito, a alma e o corpo de vocês sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo"- 1 Tessalonicenses 5.23 b.

Embora a Bíblia não seja um livro de ciência, sempre que registra um fato científico; registra-o sem nenhum erro. Tudo o que a Bíblia apresenta como verdade tem autoridade divina. A criação é apresentada como fato histórico em muitos lugares das Escrituras (Êxodo 20; Salmos 8. Mateus 19; Hebreus 4). E ao abordar a origem do homem, fala que Deus o fez como um ser tricotômico, ou seja, o ser humano é tríplice, sua composição tem o lado material, que é o corpo, e o imaterial, que se consiste do espírito e da alma.

A parte material do homem é descrita nas Escrituras como corpo e carne, sendo que em muitas vezes o termo carne se refere à natureza pecaminosa (Mateus 6.22; Gálatas 2.20; 1 Pedro 1.24; Romanos 7.18). Entre suas designações, a parte tangível do ser humano é descrita também como "corpo de humilhação", "vaso de barro" e "templo do Espírito Santo" (Filipenses 3.21; 2 Coríntios 4.7; 1 Coríntios 6.19).

Deus criou a alma humana, que diz respeito à vida pessoal, ao indivíduo. Ela tem emoções e guerreia contra as paixões da carne (Jeremias 31.25, 1 Pedro 2.11). Além disso, a Bíblia faz referência à alma como coração, usa a linguagem figurada para falar sobre sua característica de ser o ponto central das emoções, e da vida intelectual (Hebreus 4.12; Mateus 22.37, Hebreus 4.7). Além disso, a alma também é descrita como mente, a consciência (Romanos 12.2) e pelo termo carne quando este significa a natureza pecaminosa (Gálatas 5.19-21).

O espírito está relacionado aos aspectos mais elevado do homem, porém, está sujeito à corrupção do pecado (Romanos 8.16; 2 Coríntios 7.1).


O pecado não deve reinar em nosso corpo   

"Portanto, não permitam que o pecado reine em seu corpo mortal, fazendo com que vocês obedeçam às suas paixões" - Romanos 6.12.

A morte é inevitável. A Bíblia nos ensina que há duas possibilidades após o falecimento: o sofrimento sem-fim ou a alegria eterna. Mas essas opções só podem ser alcançadas em vida. Após o óbito, não há tempo de voltar atrás, se decidimos servir ao pecado.

Todos os homens ressuscitarão dos mortos (João 5.28-29). Para onde você vai após morrer? Para o céu ou para o inferno? Qual é a sua escolha? Quando o corpo falece não é o fim da existência humana, os não redimidos serão ressuscitados para uma existência eterna no lago de fogo (Apocalipse 20.12, 15). Deus estabeleceu um dia para Jesus julgar o mundo (Atos 17.31); após a morte, o escritor de Hebreus revela, no capítulo 9 e versículo 27, que o destino do homem é o juízo. Todas as pessoas prestarão conta do que escolheram fazer com a constituição física que o Criador lhe deu.

Para ser salvo, não é suficiente ser frequentador assíduo de cultos evangélicos, ter conhecimento profundo das Escrituras Sagradas e entregar contribuições financeiras na igreja. De nada adianta tocar com esmero na orquestra, cantar de modo admirável nos grupos musicais e participar de eventos evangelísticos sempre que o pastor marca o evento. É importante que façamos todas essas coisas, mas porque temos a convicção que somos salvos e não porque queremos a salvação.

Para ser salvo, basta reconhecer a Cristo como Senhor, este reconhecimento implica em fazer tudo o que Ele manda, ser praticante dos ensinamentos contidos nas Escrituras Sagradas (Lucas 6.46; Tiago 1.22). Nesta entrega, Jesus liberta a alma da escravidão do pecado e oferece o Céu como destino final e presente gratuito (João 8.46; 14.1-2). Não espere para tomar esta decisão amanhã, pois pode ser tarde demais (Lucas 12.19-20; Tiago 4.14).

O Espírito Santo trabalha, incessantemente, para a salvação do pecador que se mostra arrependido de seus pecados. Religiosos ou não, todos os seres humanos nascem envolvidos em ofensas e pecados (Efésios 2.1); mas quando invocam o nome do Senhor experimentam o novo nascimento, eles nascem pela vontade de Deus da água e do Espírito (Romanos 10.13; João 3.5, 6). Assim, o pecador é lavado, santificado e justificado em nome do Senhor Jesus e pelo Espírito de Deus (1 Corintios 6.11). Quando o coração do homem é purificado pela fé, recebe poder para ser feito filho de Deus (Atos 15.9; João 1.12; Romanos 8.16).

Sete características das pessoas que aceitaram a Jesus como Senhor e são livres da opressão do pecado:

• Ama os inimigos (Lucas 6.35);
• Evita pecar (Mateus 5.39, 44, 45);
• Não pratica a vingança (Romanos 12.17-21);
• Tem disposição para perdoar desafetos (Mateus 6.14-15; 1 João 4.20)
• Pratica o bem (1 Pedro 3.11);
• Tem interesse pela paz e edificação (Romanos 14.19);
• Promove o bem de todos (Gálatas 6.10).


O nosso corpo não é para a prostituição

"Também não ofereçam os membros do corpo ao pecado, como instrumentos de injustiça, mas, como pessoas que passaram da morte para a vida, ofereçam a si mesmos a Deus e ofereçam os seus membros a Deus, como instrumentos de justiça" - Romanos 6.13.

Ao entregar o corpo para atividades pecaminosas, a pessoa é escravizada pelo pecado e sofre com pelo menos quatro grandes perdas:

• pode perder o seu lar (Lucas 15.11-17;
• a verdadeira alegria (Salmos 51.12);
• o direito de agir por conta própria (Romanos 6.19);
• a esperança (Efésios 2.12).


A sensualidade das mulheres de Sião

Isaías 3 descreve o comportamento das mulheres de Sião. O profeta revela que elas andavam "cascavelando" (tradução Almeida Revista e Corrigida). No texto original, o termo usado tem o sentido de "atrair para trair". Este assunto é coisa séria.

Não quero julgar se existem irmãs que se vestem com a intenção de chamar atenção para as curvas anatômicas de seus corpos. Não quero julgar se elas usam roupas provocantes intencionalmente, desejosas de receberem galanteios de homens estranhos, olhares despudorados de maridos de outras mulheres, apreciarem ou não comentários vulgares.

Quero dizer aos crentes em Cristo, para as irmãs e aos irmãos também (porque alguns homens também erram neste assunto), sobre a necessidade de lembrar que o uso das peças de roupas muito justas ou curtas em locais públicos, exibe a beleza de modo negativo. A exibição da anatomia do corpo é capaz de provocar o adultério ou fornicação pelo pensamento, e inclusive incitar de fato a imoralidade sexual, em palavras mais diretas, acontecer mesmo a conjunção carnal, que agride a santidade de Deus. 


Devemos mortificar as obras da carne

"Porque, se vocês viverem segundo a carne, caminharão para a morte; mas, se, pelo Espírito, mortificarem os feitos do corpo, certamente viverão" - Romanos 8.13.

"Mortificardes" é equivalente a "considerai-vos mortos (6.11). Ao passo que em 6.11 os crentes são exortados a se considerarem mortos com relação ao pecado, em 8.13 se lhes diz que considerem as suas práticas pecaminosas anteriores como mortas com relação a eles próprios. 

Podemos comparar isso com o caminhar de acordo a descrição do fruto do Espírito: "Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio. Contra estas coisas não há lei. E os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne, com as suas paixões e os seus desejos" (Gálatas 5.22-24). A caminhada no Espírito refere-se à conversão. É significativa que a situação da conversão é levada a efeito por aqueles que estão em Cristo. A crucificação da carne com as suas paixões e desejos desenfreados só é possível com a identificação com o Cristo ressuscitado. Identificar-se assim significa alcançar uma vida nova com a ressurreição do Senhor, seguir o exemplo de Jesus e possuir e esperança da sua volta.

Podemos comparar "mortificardes", também, com o linguajar mais vigoroso de nosso Senhor sobre arrancar o olho e cortar a mão e o pé que leva a pessoa a pecar (Mateus 5.29; Marcos 9.43).


Devemos glorificar a Deus em nosso corpo

"Será que vocês não sabem que o corpo de vocês é santuário do Espírito Santo, que está em vocês e que vocês receberam de Deus, e que vocês não pertencem a vocês mesmos? Porque vocês foram comprados por preço. Agora, pois, glorifiquem a Deus no corpo de vocês" - 1 Coríntios 6.19,20.´

O texto de 1 Corintios 6.12-20 trata das atividades relacionadas à imoralidade sexual. Quando duas pessoas têm relações sexuais ilícitas, a fornicação ou o adultério, elas se tornam uma só pessoa. E sendo o cristão templo do Espírito, que é Santo, entendemos que este cristão pecou contra Deus ao estabelecer tal unidade profana.

Não é possível agradar a Deus sem receber Jesus no coração. Uma parte da Humanidade existirá para sempre, porém, não terá a vida eterna, pois esta vida está restrita apenas para as pessoas que receberam a Jesus Cristo como seu Senhor. Existir sem Deus é pior do que a morte.

A principal característica de Deus é a santidade. E o nosso Deus santo deseja que todos os crentes em Cristo como Salvador reconheçam seu Filho como Senhor e vivam uma vida santa. Você não pode ser santo se amar o pecado. O seu coração se entristece quando você peca? O crente quando de fato ama a Deus se sente chateado desagradá-lo pecando. Só quando o temor ao Senhor reside no coração é que há disposição para refutar comportamentos, pensamentos e falas pecaminosas.


O corpo deve ser conservado irrepreensível

"O mesmo Deus da paz os santifique em tudo. E que o espírito, a alma e o corpo de vocês sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo"- 1 Tessalonicenses 5.23.

A Bíblia mostra, em dois versículos, a oração do apóstolo Paulo aos crentes tessalonicenses, e em consequência para todos os cristãos. Em 1 Tessalonicenses 5.22-23, vemos o final da instrução do apóstolo, que começou em 4.1. Aqui, os termos "corpo", "alma" e "espírito" não são divisões ou partes do ser humano, mas o ser humano como um todo.

A sessão 4.1 a 5.23 de 1 Tessalonicenses pode ser sintetizada com a frase "os fiéis viverão para sempre com Deus". Em sua retórica, Paulo nos faz saber que Jesus não morreu e ressuscitou apenas para exibir o poder de Deus sobre a morte. Havia propósito nobre. Impulsionado pelo amor de Deus, Cristo morreu para nos libertar de todos os nossos pecados, entregou-se para todos nós termos a capacidade de viver de maneira irrepreensível diante de Deus. Ele ressuscitou para que a morte nunca mais tivesse poder sobre nós. Ele ressuscitou para que pudéssemos ter o mesmo tipo de vida que o trouxe de volta dos mortos. Viver a viva em Cristo nos abre a oportunidade de morar para sempre na Mansão Celestial.


Conclusão

Os filósofos gregos  Aristóteles, Sócrates e Platão acreditavam no dualismo, difundiram a ideia de que o espírito é importante e o corpo não tem importância espiritual alguma. Portanto, não haveria razão para cuidar bem dele.

Os crentes em Cristo não comungam desta escola maluca, pois aprenderam na Bíblia que o seu organismo é uma das mais magnificas criações de Deus, e tudo que Deus fez é bom e tem um propósito especial. Sabem que a anatomia e fisiologia, os sistemas biológicos, do ser humano foram feitos para mantê-los em boas condições internas e externas para interagir de modo compatível com o meio-ambiente. E nesta situação, glorificam ao Criador com muita satisfação.

E.A.G.

terça-feira, 9 de julho de 2019

Vida e morte da missionária Frida Vingren na matéria de Camilla Veras Mota

A missionária sueca perseguida no Brasil, internada em hospício e 'esquecida' pela História


Camilla Veras Mota
Da BBC News Brasil em São Paulo
22 de julho de 2018

'HALLELUJA, BRASILIEN!'/CORTESIA KAJSA NORELL

Cem anos atrás, Frida desembarcou em Belém do Pará, onde ajudou a construir a Assembleia de Deus, hoje a maior religião pentecostal do país.

Frida Maria Strandberg Vingren morreu aos 49 anos, no dia 30 de setembro de 1940, na Suécia, nos braços da filha. Abatida, ela pesava 23 quilos.


No decorrer dos cinco anos anteriores, entre idas e vindas em um hospital psiquiátrico de Estocolmo, a missionária sueca perdera quase 40 quilos. Ela fora internada pela primeira vez no dia 12 de janeiro de 1935, levada da estação central da cidade, quando tentava tomar um trem que a levaria para Portugal - de onde, acredita-se, pegaria um navio de volta para o Brasil.

Casada com o sueco que fundou, em Belém do Pará, a Assembleia de Deus, Frida se tornou uma das mais importantes lideranças da igreja no decorrer dos 15 anos em que esteve no Brasil. Ajudou a construir o ministério no Rio de Janeiro, comandava um jornal e pregava em praça pública.

Suas atribuições – muitas até então reservadas apenas aos homens –, entretanto, desagradaram pastores brasileiros e suecos, fizeram com que ela fosse perseguida e pressionada a voltar a seu país de origem, onde teve um fim trágico.

A história da missionária passou décadas esquecida e, nos últimos anos, vem sendo resgatada tanto na Suécia quanto no Brasil. Foi tema de livro, de tese de doutorado e voltou a alimentar o debate – atual e ainda polêmico – sobre o papel da mulher na Assembleia de Deus, a maior religião pentecostal do país, com 12 milhões de fiéis.

segunda-feira, 8 de julho de 2019

João 10.10 - o ladrão no qual Jesus se refere não é o diabo?


Por Eliseu Antonio Gomes

Muitos leitores da Bíblia acreditam que o ladrão, no qual Jesus se refere em João, capítulo 10 e versículo 10, é o diabo. Por outro lado, é impressionante como é fácil encontrar um número grande de pessoas contestando essa interpretação e afirmando que o "ladrão" de João 10.10 não é o diabo.

Será que nesta porção das Escrituras Sagradas "ladrão" se refere apenas a um criminoso qualquer? Ao ler esta passagem bíblica, cujo conteúdo é por demais apropriado às comunidades evangélicas nos dias atuais, é importante ter em vista o contexto do texto em foco.

Parcialmente, eu concordo com a afirmação de que Jesus tenha se referido a pessoas e não ao ser demoníaco, especificamente à referência citada. Nos versículos 8, 12 e 13 está bem claro que Jesus faz alusão aos falsos pastores, mestres e mercenários. Porém, percebemos no contexto bíblico que o diabo também tem muito a ver com ladroagem, todos sabemos que ele é ladrão, que a intenção dele é roubar, matar e destruir, o povo de Deus. O que quero dizer é que no modo literal os ladrões, mercenários e salteadores são líderes religiosos, mas no sentido figurado é o próprio diabo agindo na vida desses líderes religiosos, fazendo uso de seus apetites carnais, amor ao dinheiro, egoísmo, egocentrismo e etc.

Etimologia de palavras

É digno de nota que no original grego o termo "ladrão", que encontramos em João 10.1 é "cleptos". O termo também é usado na passagem O Bom Samaritano (Lucas 10.25-30) e em Apocalipse 16.15 (Eis que venho como um ladrão).

Em João 10, versículo 6, o vocábulo “parábola” não é a tradução de “parabolê”, definição das comparações, analogias e alegorias que Jesus apresentou com a intenção de passar lições espirituais aos seus seguidores. Neste versículo 6, o termo usado é “paroimia”, cujo significado é enigma e provérbio, como no Livro de Provérbios.

Encadeamento do tema

Certa vez, Jesus Cristo afirmou: “quem comigo não ajunta, espalha” (Lucas 11.23). Deu a entender, claramente, que na esfera espiritual não há meio termo, ou somos seus seguidores ou indivíduos inconvenientes que atrapalham o progresso da expansão do Reino de Deus aqui na terra.

O Evangelho de João, capítulo 10, traz a lição O Pastor e as Ovelhas, que está atrelada com a narrativa do capítulo anterior. O duplo “em verdade” (10.1), faz a transição entre o diálogo do capítulo 9 ao monólogo do capítulo 10.

No capítulo 9 de João, encontramos o episódio do cego de nascença, que Jesus curou passando lama em seus olhos e o mandando lavar-se no tanque de Siloé. A narrativa conta que depois este homem foi interrogado pelos fariseus, líderes da sinagoga, que se quer puderam acreditar que ele havia sido pessoa cega, só creram após o depoimento de seus pais. Ao invés de se alegrarem com ele por ter recebido o milagre, criticaram a situação pois o relato dizia que a cura ocorreu num dia de sábado. Estes judeus expulsavam da sinagoga as pessoas que confessavam que Jesus era o Cristo, mas com certeza teriam reivindicado para si o título de pastor, aos quais Cristo se refere como ladrões e salteadores. Nesta circunstância, com certeza o ex-cego faz parte do rebanho do Bom Pastor. 

Analisando o conteúdo contextual, podemos categoricamente afirmar que o "ladrão", de João 10.10, representa toda a classe de falsos pastores, são as lideranças inúteis que adentram os meios cristãos mais preocupadas em transformar ovelhas em alimento do que em alimentá-las, protegê-las e curar o rebanho de Cristo (Ezequiel 34.1-5; Zacarias 11.17).

Há muitos pseudos-pastores, falsos irmãos hoje em dia. Eles estão infiltrados no rebanho do Bom Pastor e agem como lobos camuflados em pele de ovelhas. Jesus se referiu a eles como guias cegos. Eles se apresentam com autoridade espiritual falsa, falam supostamente em nome de Deus, pregam sobre salvação mas colocam sobre os cristãos jugos pesados. O objetivo deles é lucrar financeiramente, não se importam em roubar, destruir e, espiritualmente, matar, com a finalidade de conquistar bens materiais, viver em glamour, projetar sua imagem com situações de pompa e circunstância. Quanto a essa gente desnaturada, é preciso ter o máximo de cuidado, afastar-se delas. Ainda bem que quem é ovelha, e se mantém vigilante, reconhece e atende apenas a voz do verdadeiro pastor.

Exortações apostólicas

O apóstolo João fez referência aos que “não ajuntam com Cristo”, chamando-os de anticristos (1 João 2.18). Tais opositores do progresso do Reino de Deus, se assumem posto de líderes, são mercenários, ladrões e salteadores. Eles se comportam como os fariseus que ao invés de ajudar o cego o expulsaram do rebanho no qual eram responsáveis por seu bem-estar.

Precisamos meditar em outro contexto para João 10. Façamos uso da nossa força de raciocínio, para relembrar a exortação de Pedro aos cristãos. Ele nos alerta assim: “Sejam sóbrios e vigilantes. O inimigo de vocês, o diabo, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar” (1 Pedro 5.8). Ora, alguém já viu, ou ouviu falar, que o diabo atacou literalmente uma pessoa? Ele faz isso no sentido amplo da situação, usa todo aquele que “não ajunta com Jesus”, mas espalha, atrapalha o progresso do Reino de Deus.

O apóstolo Paulo aconselha o povo de Deus a viver em harmonia, pede aos irmãos de fé que, assim como ele, tenham disposição para perdoar. “A quem vocês perdoam alguma coisa, eu também perdoo. Pois o que perdoei, se é que perdoei alguma coisa, eu o fiz por causa de vocês na presença de Cristo, para que Satanás não alcance vantagem sobre nós, pois não ignoramos quais são as intenções dele.” (2 Coríntios 2.10-11).

Conclusão

Naquele triste acontecimento do rompimento da barragem em Brumadinho, muitas vidas foram ceifadas pela lama. A Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros pediram para diversas famílias deixarem as suas residências, elas corriam risco naquele local devastado. E foi triste saber que cidadãos maus aproveitaram a ocasião para saquear as casas cujas famílias não estavam presentes. A estratégia do diabo é impulsionar pessoas para agirem malignamente, ele quer roubar toda a nossa paz e toda a nossa alegria. Essa história é uma advertência para aqueles de nós que podem ser pegos despreparados ao lidar com ataques do diabo. Ele assume o posto de comando de vidas humanas por meio do pecado que é praticado sistematicamente. Quando o indivíduo se esquece de ser crente vigilante, dá lugar para o diabo moldar suas opiniões, controlar suas atitudes e apagar seus objetivos nobres (Efésios 4.27).

De uma maneira similar ao caos causado pela lama, o pecado pode destruir coisas que aparentemente estão em boa ordem. O esforço para remover a lama e limpar depois de o diabo aparecer no caminho do crente é muitas vezes mais doloroso do que o evento inicial. Se as brasas ardentes da vontade carnal quer guiar nossas atitudes, a melhor coisa a fazer é lembrar-se da Palavra de Deus e tomar as medidas apropriadas para superar o mal, pois ao dar vez às obras da carne o crente cria a oportunidade para que o diabo tire vantagem da sua falta de vigilância, pois nesta condição o crente é um infeliz anticristo.

Mantenha-se em oração, para estar sempre firme e forte, livre das amarras diabólicas.

domingo, 7 de julho de 2019

A oração - Artigo escrito por Lewi Pethrus

Por Lewi Pethrus

Fala-se acerca da armadura do cristão, a qual é necessária na luta, ou no serviço para o Senhor. Explica-se também qual é o meio de receber esta armadura.

Há duas coisas que devemos considerar. Primeiro: a nossa luta, como povo de Deus, não é carnal, mas, espiritual. Segundo: só devemos lutar onde há inimigos.

Cometemos um grande erro quando lutamos onde não há inimigos. Convém pelejarmos no lugar em que estiver o inimigo.

Um comandante inexperiente manda as tropas para o oeste, quando o inimigo está no oriente, pelejando assim, sem motivo e sem resultado, cansando as suas tropas e gastando inutilmente as suas munições.

Onde está o inimigo?

Veja no verso 12 de Efésios 6: "Porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, mas contra os principados e as potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestiais." 

Acontece, às vezes, que atacamos a carne e o sangue, procurando convencer os homens dos seus erros, sem nos lembrarmos que a nossa luta não é contra a carne e o sangue, pois, através das heresias está o poder das trevas, que não se deixa convencer.

Conforme 2 Lucas 2.9, o espírito do anticristo já reina neste mundo, e os homens já estão movidos e dirigidos por este espírito, e poderes estranhos. Não podemos, de forma alguma, convencê-los pelo modo referido. Mas, devemos ter compaixão de tais pessoas, e concentrar a nossa luta contra os poderes das trevas, que está atrás de seus erros. E nessa luta, não vale nada o uso de armas carnais. Se, por acaso, vencermos com armas carnais, a nossa vitória é humana. mas, se a luta é  for espiritual, a vitória é divina.

Às vezes. podemos pensar que a nossa obra é intelectual e, portanto, procurarmos intelectualmente convencer os inimigos dos seus erros. O resultado de uma obra tal é que o povo fica convencido e não convertido. Há muitos trabalhos religiosos que são dirigidos intelectualmente. É um grande erro.

O apóstolo Paulo diz que a fé dos coríntios não estava fundada em sabedoria humana, mas, sim, no poder de Deus. Muitos trabalhos religiosos, que não dão resultado, são provenientes desta causa.

Pode-se fazer uma pregação importante, mas o inimigo não teme, ao contrário, se alegra, fortalecendo-se mais. Por quê? Naturalmente, porque nada perde. Se erramos o alvo nada ganhamos. A pregação belíssima, um templo importante ou um grande número de membros, não tem a menos influência sobre o poder das trevas.

Como vencer?

Só há um meio de vitória, tanto para a igreja quanto individualmente para o membro - a oração.

"Orem em todo tempo no Espírito, com todo tipo de oração e súplica, e para isto vigiem com toda perseverança e súplica por todos os santos" - Efésios 6.18.

A oração vence tudo. Satanás quis impedir Paulo de ir à Macedônia, mas este o venceu. Como? Observe o que ele diz: "orai por mim". Ele não diz "eu sou um apóstolo, um homem sábio - apenas pediu a oração dos santos. Também, o apóstolo orava sozinho, ele mesmo disse "dobro os meus joelhos". Orava com os irmãos, como por exemplo na ocasião da despedida, na praia.

Quando conhecemos o valor da oração, sabemos que o progresso do trabalho não depende da beleza e perfeição da linguagem. É um fato real, não depende disso. Você pode ter pouca inteligência, pode ser fraco, no entanto, ser abençoado. Como? Pela oração. Ao orar, conquista vitórias, verá almas salvas, doentes curados e crentes batizados no Espírito Santo.

Durante esses 20 anos de trabalho tenho visto que há vitória e progresso para a causa do Senhor, quando a igreja ora fervorosamente. Se esquecer de orar, não conquistará vitória. Eu creio na oração. É possível muitas vezes estar escondido um "Judas" ou pecador, seja o que for, tudo é removido pela oração.

Não há causa alguma que mais aborreça Satanás do que a oração. É este o ponto que o crente é mais atacado. Tenho experiência disto. Ainda que eu tenha o desejo de ser uma homem de oração, tenho sido tentado a falhar. O inimigo cria milhares de laços para nos impedir de orar.

Vemos exemplos na vida de Daniel. Muitos laços armou o inimigo contra ele. Mas, Deus lhe deu a vitória. Os inimigos de Daniel procuraram falha na conduta dele, perceberam o seu hábito de constante oração e a sua vida de piedade. E assim armaram uma cilada para impedi-lo de orar durante trinta dias. Que fez Daniel? De um lado estava o cantinho da oração, e de outro, esperava-lhe a cova dos leões. Qual foi a sua escolha? Foi para sua casa e orava como de costume. Ele não fez um "culto de oração" especial, continuou a orar como de costume.

Talvez, Satanás lhe disse: Você não precisa orar tão alto, assim; feche sua janela, e ore apenas com seu coração. Mas Daniel manteve -se firme em seu hábito de orar e venceu. E foi isso uma das maiores vitórias da sua vida. Por meio da oração, experimentou a vitória na cova dos leões.

Algumas pessoas disseram para mim: "Pethrus, acabe com aquelas orações barulhentas antes do culto". E depois do culto, qual o motivo de orar tanto?

Certa vez, fui convidado para jantar em casa de um amigo, um nobre crente. Havia ali outros convidados. Quando estávamos sentados à mesa, ele disse o seguinte: "Em nenhuma igreja tenho achado tanta edificação para minha alma, como na sua. Aprecio muito suas orações, porém, uma coisa quero dizer: acabe com os cultos de oração. Tenho a intenção de levar meus amigos ao culto, mas temo que por causa das orações barulhentas eles se escandalizem. Acabe com aquele barulho e muito mais pessoas se agregará à igreja."

Escutei-o sorrindo e depois lhe respondi: "O sr. não disse que tem achado edificação na nossa igreja, como em nenhuma outra encontrou? Se a causa disso são as orações, como será então se eu acabar com elas?"

***

Vamos orar irmãos. Não tenham vergonha da oração. Deixemos o mundo saber que estamos orando e que cremos no poder da oração.

Tenho assistido a grandes reuniões em que cerca de três mil pessoas louvavam a Deus, duma vez. Isto comove os ouvintes.

Em nossa igreja temos oração ao meio-dia, cada dia. Foram umas irmãs que deram início a isto, vindo ao nosso escritório para orar. Também tenho assistido a esses cultos de oração. Essas orações têm continuado durante dezoito anos, sem parar, e são assistidas por muitos ou por poucos. Se me dessem Estocolmo inteira, eu não acabaria com tais reuniões.

A oração é um poder que afasta as trevas, que liberta as almas e que nos ajuda a vencer em todas lutas. Como é possível orar sempre? Somente estando cheio do Espírito Santo. O Espírito Santo nos ajuda a orar.

Em nenhum ponto me sinto tão fraco quanto neste. Então, não posso aformar: agora vou orar. Mas posso dizer a cada dia: Oh, Deus, ajuda-me a orar!

"Bem-aventurado o povo que conhece os gritos de alegria, que anda, ó SENHOR, na luz da tua presença" - Salmos 89.15.

Amém.

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Observação: Ortografia atualizada ao idioma português usado atualmente.

Fonte:
Mensageiro da Paz, ano 1, número 1, 1 de dezembro de 1930 (Rio de Janeiro).
Reprodução a partir de publicação em formato PDF -  https://bit.ly/2xz0lB9