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quinta-feira, 22 de junho de 2017

Arlindo, o evangelista

Mesmo que você consiga subir para muito longe do chão
sozinho, para encontrar-se com Deus, lá no Céu, será
necessário aceitar o auxílio de Jesus, caso quiser ser
recebido pelo Pai celeste.
Por Abraão de Almeida

"Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim" João 14.6.

Final dos mil novecentos e sessenta. No culto de sábado à noite na Assembleia de Deus da Rua André Manojo 53, em Osasco (São Paulo), Arlindo entregou a sua vida a Jesus, foi salvo e instantaneamente liberto de demônios que o atormentavam e o haviam levado, diversas vezes, aos hospícios da região. Estive presente naquele culto.

A transformação daquele homem foi radical. Rompeu de vez com tudo o que lhe parecia comprometedor. Ao passar por minha residência numa das suas jornadas evangelísticas, ofereci-lhe café, ao que agradeceu e respondeu prontamente: "Jesus me libertou do café". Não me surpreendi com a resposta. Se ele achava que o café exercia algum domínio em sua vida, então ele queria ser totalmente livre.


Na Escola Dominical da manhã seguinte, Arlindo foi um dos primeiros a chegar. Pediu folhetos em grande quantidade e saiu a evangelizar, especialmente na zona rural da região oeste de São Paulo. Indo de casa em casa, nada o intimidava, nem mesmo os cães de guarda de fazendas e chácaras.

Naquele tempo eu era funcionário da fundição da Ford Motor do Brasil, em Presidente Altino, Osasco, e surpreendi-me ao ver o irmão Arlindo trabalhando lá. Era grande privilègio conseguir emprego naquela empresa que pagava os melhores salários da região. Como teria ele conseguido trabalhar ali, sendo uma pessoa tão simples, de parcos conhecimentos?

Em todos os mementos disponíveis percebia-se o ardor evangelístico de Arlindo. Irradiando a graça de Deus, ele dava testemunho vivo da sua conversão a todos os colegas.

A provisão

Não muito tempo passou, e Arlindo já não trabalhava mais na companhia. Havia sido aposentado. A companhia examinou o histórico de saúde dele, e ao constarar que ele havia  sido internado diversas vezes com problemas "mentais", de imediato providenciaram a sua aposentadoria com o seu excelente salário integral!

Livre de dificuldades financeiras, ele inicia, então, a nova fase de seu ministério evangelístico, agora de tempo integral. Bíblia na mão e folhetos na pasta, ele passava o dia pregando no Jardim da Luz, em São Paulo.

Como a cidade fechasse esse parque, o evangelista muda-se para a Praça da República, fazendo dali o seu púlpito durante longos anos. Diversas vezes passei por aquela praça e me detive, ao longe, assombrado com o fervor e a sabedoria com que Arlindo comunicava o Evangelho.

O dom de evangelizar desse irmão era tão evidente que o pastor da igreja, ao separá-lo para o diaconato, disse: "Estamos separando esse irmão para o diaconato, mas o dom dele é de evangelista". Prevalecia nessa igreja a tradição, evidentemente sem nenhum apoio bíblico, de que o obreiro tem de ocupar degrau por degrau na sua ascensão ministerial. Uma espécie de hierarquia.

A mensagem

Surpreendia-me a clareza da mensagem pregada por Arlindo. Pelo que era do meu conhecimento ele cursara nenhuma escola teológica nem frequentava a Escola Dominical. E como poderia pregar daquele jeito?

Era eu pregador assíduo no cultos ao ar livre que a igreja realizava, mas aquele irmão havia conseguido algo incrível. Ele encadeava os versículos da Bíblia numa perfeita coerência, de sorte que a mensagem ficava clara e cem por cento bíblica. Eis aqui um exemplo:

"Jesus veio para o que era seu mas os seus não o receberam, àqueles que creem no seu nome, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus - filhos nascidos não do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus. Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna"

Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Quem nele crê não é condenado, mas quem não crê já está condenado, porque não crê no nome do unigênito Filho de Deus. A condenação é esta: A luz veio ao mundo, e o homens amaram mais as trevas do que a luz porque as obras deles eram más. Todo aquele que pratica o mal aborrece a luz, e não vem para a luz, para que as suas obras não sejam reprovadas. Mas quem vive de acordo com a verdade vem para a luz, a fim de que se veja claramente que as suas obras são feitas em Deus.

Diz a Escritura Sagrada que João Batista viu Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo! Jesus é o único que perdoa pecados. Ele disse: 'Eu sou o caminho,a verdade e a vida. Ninguém vai ao Pau a não ser por mim' ", etc e etc.

Galardão Arlindo conhecia a Bíblia, e esta era a sua mensagem. Era ungido e eloquente, e as pessoas não resistiam ao poder com que pregava. Formavam um grupo atento à sua frente, e muitos atendiam ao apelo, ajoelhando-se no chão batido da praça, e implorando publicamente o perdão de seus pecados.

Numa de minhas idas ao Brasil, soube da realização de culto em ação de graças por mil decisões ocorridas na Praça da Republica. Os convertidos de Arlindo estão espalhados por muitas igrejas da Grande São Paulo.

O abençoado e dinâmico ministéri ode Arlindo continuou por mais alguns anos,até que ele foi chamado pel,o Senhorda Seara ao merecido descanso eterno. Partiu cheio de alegria e carregado de frutos. A ele certamente se aplicam estas palavras:

"Os que forem sábios, pois, resplandecerão como o fulgor do firmamento; e os que a muitos conduzirem à justiça, como as estrelas, sempre e eternamente" - Daniel 12.3.

E.A.G.

Fonte: Mensageiro da Paz, ano 87, número 1580, janeiro de 2017, coluna Em Tempo, Bangu, Rio de Janeiro -RJ (CPAD).
Abraão de Almeida é pastor e autor de várias obras publicadas pela CPAD. .Atualmente ele reside nos Estados Unidos. 

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