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quinta-feira, 25 de maio de 2017

As manifestações pacíficas de trabalhadores metalúrgicos na Esplanada de Ministérios e o bando terrorista que atacou policiais e depredou patrimônios públicos


Jessica Nascimento / UOL

Por Eliseu Antonio Gomes

Na quarta-feira passada, dia 25, houve na Esplanada dos Ministérios (Brasília) uma grande marcha de protesto contra as propostas de reformas para as legislações trabalhista e previdenciária elaboradas pelo governo. Porém, houve resultado inesperado aos realizadores do evento: 44 pessoas feridas; oito ministérios governamentais e uma igreja foram alvos de severo ataque; o prédio do ministério da agricultura foi parcialmente incendiado por manifestantes com rostos cobertos. Imagens de televisão mostraram policiais com revólveres em punho lançando tiros para cima e ao solo; e gás de pimenta contra a multidão; policiais foram atacados com paus e pedras por súcias mascaradas. O presidente Michel Temer convocou o Exército para manter a segurança e a ordem - revogando esta autorização no dia de hoje.

Declaração de gente do poder público dão conta que um bando de terroristas agiu em meio aos trabalhadores metalúrgicos. Não acredito que houve apenas uma manifestação desordeira, embora indivíduos tenham se infiltrado e praticado vandalismo e violência contra policiais.

Lá em Brasília, no dia de ontem, pude observar pelas imagens transmitidas pelos canais de televisão, que houve algo diferente. Assisti a presença da Central única dos Trabalhadores (CUT) e da Força Sindical. Protestaram juntas. No passado, estes dois expoentes do sindicalismo, cujas origens são completamente distintas, se rivalizaram e se mantiveram separados, tanto nas partes física como ideologicamente.

A CUT tem posição política de esquerda. A Força Sindical de direita Ao dizer isso, afirmo grande número de sindicalistas são de extremas direita e esquerda. Seja aos parabéns ou para crítica negativa, tal unidade é fato histórico. Situação digna de nota.

O objetivo das duas centrais sindicais terem marchado unidas é a intenção de fazer maior corpo à pressão contra as propostas de mudança de leis da Reforma Trabalhista e da Previdência. Quem é ou foi do meio metalúrgico sabe muito bem o que representa essa aproximação e união de atividade. Por muitos anos fui trabalhador vinculado à Força Sindical, trabalhei no setor de Métodos e Processos em uma multinacional dinamarquesa, que fabrica peças para navios.

A classe de metalúrgicos, seja o trabalhador filiado ou não aos sindicados da CUT ou Força, tem piso acima da média de outras categorias. O trabalhador mais simples, aquele que realiza os trabalhos braçais como fazer varredura de cavacos no chão de seções das prensas e dos tornos-mecânicos, recebe em média três salários mínimos na Capital de São Paulo O piso salarial soma valor perto dos 3 mil reais, e o empregador não pode pagar menos que isso por causa de acordos assinados com os sindicados, sob as pressões de greves. Além disso, há a obrigação de os patrões manterem a cesta básica mensal e estrutura de convênio médico. Eu me refiro aos trabalhadores em empresas que estão envolvidas com a Força Sindical – mas acredito que aquelas que estão na esfera da CUT possuem tratamento similar.

Então, sem a intenção de defender violência e depredação de órgãos públicos, penso que a maioria das pessoas que foram à Brasília ontem, era composta de trabalhadores que quiseram defender a estrutura sindical da qual estão satisfeitos. Os empresários querem pagar 3 mil ao varredor de cavaco? Quer manter os custos de assistência médica? Não. E, é claro que se houver a derrubada de sindicatos, conforme sinaliza a Reforma Trabalhista - os patrões farão cortes profundos na realidade de trabalhadores metalúrgicos.

Que os políticos envolvidos com a Reforma Trabalhista de hoje tenham olhos abertos aos manifestantes pacíficos da Esplanada dos Ministérios como seus possíveis eleitores de amanhã.´

A mão poderosa da brava gente brasileira no século 21.

E.A.G.

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