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domingo, 18 de dezembro de 2016

Silas Malafaia e a condução coercitiva que nunca aconteceu



Na manhã de 16 de dezembro, a sexta-feira passada, a Polícia Federal recebeu autorização para deter o Pastor Silas Malafaia e levá-lo em condução coercitiva à sede carioca da PF, para prestar esclarecimento sobre o envolvimento de seu nome no caso de esquema de corrupção - recolhimento irregular de royalties de mineração - porque uma pessoa, supostamente ligada ao ato ilícito, doou cem mil reais usando um cheque, e suspeita-se que o dinheiro tenha origem no crime investigado.

Porém, a ordem judicial para a realização da condução coercitiva de Malafaia, expedida pelo juiz Ricardo Augusto Soares Leite, que trabalha na 10ª Vara da Justiça Federal de Brasília, não foi realizada. Quando o pastor foi procurado por policiais em sua residência no Rio de Janeiro, não foi encontrado lá, porque estava em São Paulo, cuidando de um novo templo, inaugurado no bairro do Brás uma semana antes. Embora a mobilização policial, nomeada como Operação Timóteo, fosse gigante - 300 agentes trabalhando em ação concomitante em 11 estados- não havia nenhum aparato montado agindo no estado paulista.

Mas, diversos órgãos da impressa brasileira não relataram este detalhe. A maior parte de jornalistas, talvez no afã de reportar o fato, informaram este fato de maneira distorcida. É compreensível passar a notícia pela metade quando o relatório é transmitido ao público durante o andamento do assunto que é noticiado. Devido ao calor do momento, os dados vão chegando e o profissional vai atualizando cada detalhe confirmado, paulatinamente. O público entende isso. Mas, após o fato já ser um fato consumado, transmitir o relato incompleto se configura em ponto negativo ao exercício profissional do repórter. 

Malafaia é uma figura pública cujo passado está marcado por posições firmes contra o PL 122/2006 (o projeto de lei que tentava dar direitos aos homossexuais acima dos direitos dos héteros, mas não transformou-se em lei) e contra o aborto. Então, uma parcela muito grande da sociedade, que está no outro extremo das posições do pastor, ao receber a notícia dada de maneira distorcida, comemorava a condução de Malafaia por policiais, a condução que nunca aconteceu!

Veja bem, qual é a definição do termo "repórter": aquele que reporta o acontecimento; o profissional de imprensa que transmite um fato. Se esta pessoa não conta tudo, se ela distorce o que acontece, posso considerá-lo um repórter cuja carreira não possua nada que o desabone?

Observando este episódio, da comemoração da condução que não ocorreu, fiquei pensando na hipótese de um evento esportivo de futebol, um embate clássico, em que pelo rádio o narrador grita "gooooool", sem que a bola tenha entrado para dentro da trave, sem que o gol tenha ocorrido. Foi mais ou menos isso que as  reportagens fizeram contra aqueles que desejam o mal do pastor, repórteres deram a essa gente a chance de comemorar sem qualquer motivo de comemoração.

Existe ponto positivo neste episódio. Os principais órgãos de imprensa deram oportunidade ao pastor expor-se e contar seu lado da história. Os mais importantes canais da televisão brasileira, portais de internet e agências de rádio participaram de duas entrevistas coletivas que o pastor concedeu antes e após prestar depoimento na sede da PF, situada no bairro da Lapa/SP.

E.A.G.

Um comentário:

Eliseu Antonio Gomes disse...

No post Quando acontecerá o fim do mundo?, de 18 de dezembro de 2016
URL: http://belverede.blogspot.com.br/2016/12/Quando-sera-o-fim-do-mundo-Antonio-Mardomio.html:

“Mas se tal condução coercitiva não existiu, alguém poderia me explicar o porquê de tamanha ‘indignação’ demonstrada pelo Malafaia em um vídeo divulgado por ele? Meter o pau em outras pessoas, usando adjetivos tais como picaretas, vagabundos, canalhas, etc, Malafaia vem se tornando especialista. E muitos cristãos ainda o aplaudem pela maneira agressiva e arrogante de dirigir a algumas pessoas que nem cristãs são".

18 de dezembro de 2016 13:13
Wesley Rocha ( https://plus.google.com/109404012004541702071 ).

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Caro Wesley.

A indignação de Silas Malafaia ocorreu por causa da expedição do mandado judicial de condução coercitiva contra ele e da tentativa que a Polícia Federal em conduzi-lo, entrando em sua residência, porque as crianças que estavam lá ficaram chorando, apavoradas.

De fato, o juiz Ricardo Augusto Soares Leite pediu a condução, mas como Malafaia não se encontrava em sua casa, e nem no Rio de Janeiro, ele não foi conduzido. Naquele momento em que a PF o procurava, Malafaia estava em São Paulo, estado em que a Operação Timóteo não estava estruturada.

Diversos juristas criticaram a posição deste juiz, fazendo coro com a reclamação de Malafaia.

Abraço.