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segunda-feira, 6 de junho de 2016

Michel Temer e o boato mentiroso de satanismo

"Nem mesmo frequentei centro espírita, nem nunca participei de sessões de umbanda. Desde criança, eu cresci com uma força cristã. Sou católico" - Michel Temer.
Imagem: Divulgação / Facebook
"Nem mesmo frequentei centro espírita, nem nunca participei de sessões de umbanda. Desde criança, eu cresci com uma força cristã. Sou católico" - mesmo rebatendo com essas palavras aos boatos que surgiram contra ele anos atrás de que seria satanista, e que foram revisitados com força na campanha eleitoral de 2014 - e rebatidas novamente por ele à época - , infelizmente, ainda hoje há quem acredite nesse boato absurdo envolvendo o atual presidente Michel Temer. Além de Temer, os seus assessores, cuja maioria é evangélica e o acompanha desde o início de sua carreira política, sempre negaram essa história.

Havia vários argumentos fortes em 2014 para defender que a reeleição de Dilma não era boa para o Brasil, menos esse. A história de que o então vice Temer era satanista não passa de um boato que ganhou dimensões enormes no meio evangélico somente por causa do clima eleitoral de 2014, alimentado pelo receio - esse, sim, coerente - dos evangélicos pela reeleição de Dilma. Esse boato surgiu, mais precisamente, em março de 2009, quando começou a circular na internet um email intitulado "Satanista no poder político brasileiro", de origem até hoje desconhecida e assinado por alguém que usava o nome da conferencista evangélica Neuza Itioka, líder do Ministério Ágape Reconciliação. 

Esse email afirmava que Michel Temer era satanista e que a fonte da informação seria o conferencista evangélico Daniel Mastral, que saberia disso porque seria filho de Temer. O email também falava de uma revelação de que Dilma morreria de câncer no meio do mandato para que Temer assumisse a presidência e empreendesse uma perseguição à Igreja no Brasil. 

Mesmo o Ministério Ágape Reconciliação tendo divulgado dias depois, em seu site oficial, que o conteúdo do email era falso, não tendo vindo nem de Neuza e nem de sua entidade, a tal revelação se espalhou como um vírus na internet e, cinco anos depois, foi ressuscitada com mais força ainda no último pleito presidencial.

Em seu canal no YouTube, o próprio Daniel Mastral, em vídeo datado de 17 de abril deste ano, negou mais uma vez - como já fizera em 2010 - que tenha afirmado ou escrito alguma vez que ele era filho de Michel Temer ou que o então vice-presidente fosse satanista. Segundo Mastral, o boato surgiu porque, em um de seus livros, de grande repercussão entre seu público e no qual apresenta uma narrativa ficcional em que procura "alertar sobre o avanço das forças das trevas na sociedade como um todo, preparando as plataformas globais para o governo do Anticristo", um dos personagens centrais, chamado Marlon, é apresentado como um político que colocaria o Brasil sob as influências satânicas e cujas características foram entendidas pelos leitores como muito semelhantes às de Michel Temer. A história do filho de Marlon, que se converteu do satanismo para Cristo, foi também entendida como sendo a história de conversão do próprio Daniel Mastral, que é ex-satanista. Some-se a isso a inicial "M" no nome do personagem e a suposta semelhança física entre Saniel e Temer, e o boato se espalhou.

Mastral, como já dissemos, negou ainda em 2010, ser filho de Temer, mas como ele não se dedicou muito a desmentir o boato nos anos seguintes, porque, segundo ele, achava o assunto "irrelevante", o resultado é que o boato pegou. Lembrando ainda que a própria mãe de Mastral também negou que Daniel seja filho de Temer.

Fonte: Mensageiro da Paz, edição de junho de 2016, matéria de capa, página 5, Rio de Janeiro (CPAD).  

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