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sexta-feira, 31 de julho de 2015

Apostasia, fidelidade e diligência no ministério

Imagem: Reuters. Pastor conduz rebanho de ovelhas nas proximidades do monte Tianshan em Aksu, na China  

Por Eliseu Antonio Gomes

"Mas o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios" - 1 Timóteo 4.1.

Na ocasião em que Jesus estava com seu discípulos, em seu ministério terreno, alertou-lhes a respeito dos últimos tempos.

Nesta fala didática, usou metáforas para explicar que aos crentes fiéis não seria fácil palmilhar o caminho que leva à salvação. Avisou-lhes que uma das características marcantes seria a falsidade, o engano, a mentira e a criação de mitos. Disse-lhes que existem dois caminhos, o estreito e o largo; e, duas portas, larga e estreita.

Estejamos atentos. Dois destinos aguardam o ser humano ao final de sua jornada na terra. E cabe escolher a fidelidade e a diligência para alcançar a salvação eterna. O caminho espaçoso e a porta larga conduzem à perdição eterna, enquanto a porta com pouca largura e o caminho apertado dão acessos ao céu.

O que é apostasia e como reconhecer os apóstatas?

Diz-se que apostatou aquele que mudou de religião. Refere-se à apostasia, que significa desprezo de uma religião na qual praticava; de uma doutrina ou opinião; ou, também, abandono de uma associação ou grupo a que se pertencia. Ver: Êxodo 32.1.

Há quem confunda os termos apóstata e herege; apostasia e heresia, que são distintos.

Hereges são pessoas que se desligam apenas de parte da religião ou doutrina, e não devem ser igualados aos apóstatas, que se afastam totalmente da doutrinação e religião e conscientemente passam a agir contra esta religião e seu ensino.

Que não haja em nós um coração infiel.

"Cuidado, irmãos, para que nenhum de vocês tenha coração perverso e incrédulo, que se afaste do Deus vivo" - Hebreus 3.12 (NVI). Neste trecho, e em outras partes do livro, o escritor de Hebreus emite solene advertência aos cristãos, no sentido de que não caiam nas práticas da apostasia pessoal.

O apóstolo Paulo manifestou possuir plena consciência da necessidade de vigilância neste sentido. Escreveu: "Sei que nada de bom habita em mim, isto é, em minha carne. Porque tenho o desejo de fazer o que é bom, mas não consigo realizá-lo. Pois o que faço não é o bem que desejo, mas o mal que não quero fazer, esse eu continuo fazendo. Ora, se faço o que não quero, já não sou eu quem o faz, mas o pecado que habita em mim.' (...) 'Miserável homem eu que sou! Quem me libertará do corpo sujeito a esta morte? Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor!" - Romanos 7:18-20; 24 ,25 a.

É importante tomar cuidado com o nosso coração, pois todas as ações más, originadas pela natureza carnal que luta contra o nosso espírito, muitas vezes surgem acompanhadas de um falso senso de justiça, queremos revidar o mal sofrido, sentimos o forte impulso para restabelecer o bem de formas absolutamente contrárias aos ensinamentos de Jesus. Ver: Jeremias 17.5-9; Tiago 1.20.

Quando, repetidamente, um cristão descumpre palavras empenhadas; se expressa com aspereza e atitudes compostas de ações incômodas, inoportunas e inconvenientes; comete atos de injustiça e ingratidão, ele é uma pessoa que caminha pela estrada larga e se dirige à porta espaçosa, o seu perfil se enquadra à figura da árvore que não dá bons frutos. Dominado pela maldade, age igual aos descrentes que não conhecem o renascimento em Cristo. A recomendação de Jesus a Nicodemos também é remetida a eles: "Necessário vos é nascer de novo" (João 3.3).

A fidelidade
a. As características da fidelidade de Deus
• Absoluta (1 Coríntios 1.9);
• Não tem princípio e nem fim (Salmos 36.5; 119.90);
• Imensa (Lamentações de Jeremias 3.23);
• Incomparável (Salmos 89.8);
b. A fidelidade faz parte do caráter de Cristo
Referências: 2 Tessalonicenses 3.3; 2 Timóteo 2.13; Hebreus 2.17; 10.23; Apocalipse 19.11. 
c. A fidelidade é parte do caráter da pessoa convertida a Cristo
Referências: Atos 10.45; Efésios 1.1; Colossenses 1.2; 3.22; 1 Timóteo 4.12; 6.2; Tito 1.6; Apocalipse 17.14).

A diligência

"Maldito aquele que fizer a obra do Senhor fraudulosamente" -  Jeremias 48.10 a. A Palavra de Deus assevera que a atitude de se fazer a obra do Senhor relaxadamente tem como consequência perder as bênçãos celestiais.

Jeremias profetizou contra Moabe no capítulo 48 de seu livro, apontou muitas de suas cidades que seriam arrasadas pelo fato de os moabitas de tempos em tempos agirem com muita violência contra os israelitas. A profecia se cumpriu: eles foram destruídos pelos babilônicos e desapareceram como nação.

A lição a ser extraída deste episódio: todo cristão necessita manter um cuidado ativo para com a vontade de Deus em sua vida. E por vontade do Senhor, precisamos entender que tudo o que o Senhor quer de nós está expresso nas páginas da Bíblia Sagrada. Mais especificamente, na ordem de amá-lo acima de tudo e todos e ao próximo como a nós mesmos. De nada adianta ter zelo religioso, excelente presteza para executar atos litúrgicos de maneira extraordinária, se a motivação deste esforço não for o amor ao Senhor e aos nossos semelhantes (1 Coríntios 13.4-8).

Na passagem bíblica escrita por Mateus (7.12), encontramos a regra áurea pronunciada por Jesus Cristo, que nos esclarece ser importante agir diligentemente em nossas relações interpessoais. Ele quer que tratemos as outras pessoas exatamente como gostaríamos se ser tratados. Portanto, como cristãos, as nossas atitudes devem ser empregando o amor, cedendo ao próximo rigorosamente o que desejamos para o nosso próprio bem.

O cuidado com os ensinos dos falsos profetas

"Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas, interiormente, são lobos devoradores" - Mateus 7.15. Não podemos nos deixar comover com aquilo que dizem os falsos profetas e nem nos permitir impressionar com seus trajes e práticas religiosas. Eles parecem ser os melhores amigos que poderíamos ter, porém, possuem índoles de feras selvagens, não têm afeto natural. Suas ações são motivadas por interesses egoístas, devem ser avaliados pelos critérios que Jesus nos ensinou: a produção de frutos espirituais (Gálatas 5.22-23).

Ao contrário de Cristo, o que eles dizem em público não combina com o que falam e fazem às escondidas, distantes de nossos olhos e ouvidos. 

Desejando o "leite racional não falsificado"

"Deixando, pois, toda a malícia, e todo o engano, e fingimentos, e invejas, e todas as murmurações, desejai afetuosamente, como meninos novamente nascidos, o leite racional, não falsificado, para que por ele vades crescendo; se é que já provastes que o Senhor é benigno" -  1 Pedro 2.1-3.

Note bem, no primeiro versículo da segunda carta de Pedro, o apóstolo apresenta os verbos desejar e deixar. Ele nos esclarece que existe o padrão negativo de procedimentos que precisa ser extirpado da vida cristã: a maldade, o engano, a hipocrisia, inveja e toda espécie de maledicência. Na sequência, orienta a nós, os cristãos, tal qual o bebê deseja o leite da mãe, que queiramos, ansiosamente, beber o leite espiritual. Este leite é a Palavra de Deus, o único alimento capaz de nos fazer crentes portadores de inteligência espiritual.

As características da sabedoria celestial estão catalogadas em Tiago 3.17-18.

O apóstolo Paulo advertiu a Timóteo para que ele combatesse os falsos mestres e seus ensinos, pois induziam os cristãos a abandonarem a fé genuína em Cristo. Na atualidade, por falta do ensino da doutrina de Cristo, conforme está nas Escrituras Sagradas, por haver a ênfase da filosofia liberalista e antibíblica de educadores e pregadores apóstatas, muitos cristãos estão sendo tragados pela ilusão, trocam a fé cristã pelas fábulas inúteis desses enganadores que transitam no meio cristão e convivem com as ovelhas do Senhor. E assim muitos vão pelo caminho largo, cujo destino final é a perdição eterna.

Santos em toda a vossa maneira de viver

"Como filhos da obediência, não permitais que o mundo vos amolde às paixões que tínheis, quando vivíeis na ignorância. Porém, considerando a santidade daquele que vos convocou, tornai-vos da mesma maneira, santos em todas as vossas atitudes. Porquanto está escrito: 'Sede santos, porque Eu sou santo!' " -  1 Pedro 1.14-16 (King James Atualizada - KJA).

A santidade de Deus é o atributo pelo qual Ele é moralmente puro e perfeito, separado e acima do que é mal e imperfeito. E, a santidade para o cristão quer dizer não seguir os maus costumes deste mundo, pertencer somente a Deus e ser completamente fiel a Ele, em todo o tempo e em todos os lugares (Levítico 11.45; 19.2).

Estudiosos das Escrituras afirmam que existe mais de cem vezes a citação do substantivo "igreja" nas páginas da Bíblia Sagrada, afirmam que em todas as menções a palavra não é usada com o objetivo de descrever um espaço físico. É compreensível que seja assim, pois a Igreja de Cristo somos nós, quando estamos unidos e reunidos, em santidade, com o objetivo de reverenciar a Deus e louvar a Jesus.

Devido ao equívoco quanto ao significado do termo "igreja" nas páginas da Bíblia Sagrada, muitas pessoas caem na armadilha do esquecimento quanto ao compromisso de manter a reverência a Deus quando longe do templo e fora do ambiente de culto.

O cultivo da santificação na nossa vida diária

"Esforcem-se para viver em paz com todos e para serem santos; sem santidade ninguém verá o Senhor. Cuidem que ninguém se exclua da graça de Deus. Que nenhuma raiz de amargura brote e cause perturbação, contaminando a muitos" - Hebreus 12.14-15 (NVI).

Deus é constante e absolutamente separado do mal e de qualquer aparência do mal. A mesma aversão ao pecado deve estar sempre presente na vida de todos que creem em Cristo como Salvador.

Aqueles que receberam a Jesus como Senhor, no recinto do templo e fora dele, longe ou perto dos irmãos e irmãs da sua congregação, sob os olhos humanos ou em total reclusão, vivem diuturnamente em processo de santificação, nutrem em seu coração temor reverente a Deus e refutam todas as espécies de impurezas e pecados (Habacuque 1.3).

Conclusão

A apostasia da fé e a infidelidade a Deus e ao próximo são características marcantes dos tempos do fim (1 Timóteo 4.1; 2 Tessalonicenses 2.10).

No entanto, desde tempos remotos a serpente tem inoculado o veneno do pecado em belas taças e oferecido aos servos de Deus, que aceitaram a oferta e bebido a secreção peçonhenta por livre e espontânea vontade pessoal,  No decorrer dos anos, a apostasia, a infidelidade e relaxamento quanto ao viver segundo a vontade de Deus, têm sido pecados praticados por muitas pessoas, por gente que iniciou a caminhada da fé com esmero, mas por motivos diversos se esqueceu do amor ao Todo-Poderoso e transgrediu caminhando pela estrada larga. Tal qual caminhantes como o agricultor Caim (Gênesis 4.6-9), o moabita Balaque e o enigmático profeta Balaão (Números 22.1, 5; Josué 13.22), o dissimulado traidor Judas Iscariotes (Mateus 10.4), o casal avarento Ananias e Safira (Atos dos Apóstolos 5.1-10), os falsos amigos Demas e Alexandre (2 Timóteo 4.10, 14). E tantas outras almas equivocadas.

O referencial teológico e de fé aos cristãos é a Bíblia Sagrada. Então, para combater de maneira eficaz a abjuração, as faltas de fidelidade e diligência no meio evangélico, cabe, tanto aos pregadores quanto aos ouvintes da pregação, apegar-se com afinco ao ensino sistemático da doutrina de Cristo.

Com toda certeza, a fé vem ao nosso coração quando ouvimos a Palavra de Deus, e não há dúvida que ela se vai quando o indivíduo a despreza (Romanos 10.17; Provérbios 13.13)

E.A.G.

Compilações:
As Ordenanças de Cristo nas Cartas Pastorais, Elinaldo Renovato, páginas 52, 1ª edição 2015, Rio de Janeiro (CPAD);
Bíblia Sagrada King James - edição de estudo 400 anos; segunda edição julho 2013; página 1903; São Paulo (Sociedade Bíblica Íbero-Americana; Abba Press);
Lições Bíblicas - Professor - A Igreja e o seu Testemunho: As Ordenanças de Cristo nas Cartas Pastorais, Professor, Elinaldo Renovato de Lima, 3º trimestre 2015, página 36, Rio de Janeiro (CPAD);
Minidicionário, David Conrado Sabag, página 37, 1ª reimpressão 2008, São Paulo/SP (Difusão Cultural do Livro);
Onde Encontrar na Bíblia?, Gesiel Gomes, página 141, 1ª edição 2008, Rio de Janeiro (Central Gospel).

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