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quinta-feira, 19 de junho de 2014

O diaconato

Por Eliseu Antonio Gomes

Basicamente, "diakonos" é um servo, servente de mesas, ou garçom. Embora o termo apareça com baixa frequência nas traduções bíblicas do nosso idioma, a palavra grega assim transliterada (muitas vezes por "ministro" ou "servo") ocorre cerca de trinta vezes no Novo Testamento, enquanto que suas cognatas "diakoneõ" (ministrar) e "diakonia" (ministério) aparecem mais setenta vezes.

Nestas passagens, na maioria das vezes não há no uso da palavra qualquer relação com funções especializadas na igreja. Por exemplo, assim como a ocupação do garçom, o serviço doméstico de Maria e da sogra de Pedro é chamado de "diakonia" (João 2.5, 9; Lucas 10.40; Marcos 1.31). Nos tempos helenistas veio a representar oficiais do culto ou do templo.

A escolha de diáconos

Diácono é o título aplicado aos sete, a quem Atos 6 se refere. Os apóstolos, ao receber as queixas que os judeus gregos faziam de que suas viúvas eram desprezadas no ministério cotidiano, convocaram a multidão dos fiéis com a finalidade de eleger sete homens "cheios do Espírito Santo e de sabedoria", a quem, pela oração e imposição de mãos, fosse confiado o dever de servirem às mesas e distribuírem donativos da igreja, enquanto eles continuariam a perseverar na oração e no ministério da palavra.

Foram escolhidos: Estevão, Filipe, Prócoro, Nicanor, Timão, Pármenas e Nicolau. Entre os sete, destacaram-se como grandes pregadores Estevão e Filipe, o primeiro foi honrado como o primeiro mártir e o segundo reconhecido por levar o Evangelho para Samaria e ao oeste da Judéia.

Deve-se levar em conta que em Atos 6 as pessoas eleitas não são chamadas de diáconos, e que as carreiras de Estevão e de Filipe não estava restrita a servir as mesas e prestação do serviço social.

O apóstolo Paulo descreve Epafras como diácono de Cristo e a si mesmo como diácono do Evangelho. No final de sua vida, há claros indícios de que os diáconos faziam parte regular da organização da igreja. Eles são mencionados ao lado dos bispos na igreja em Filipos, no episódio em que estabelece a regularidade de pessoas aos cargos (Filipenses 1.1, 7; 23, 25; 1 Timóteo 3). Outros irmãos exerceram diaconia para com Paulo (Atos 19.23; Filemon 13).

A liderança da igreja deve ser cheia do Espírito e de sabedoria, pois o Espírito fornece a perspectiva de Deus e a sabedoria abre as portas de soluções de problemas

A incumbência dos diáconos

A característica do diácono deve ser de uma pessoa portadora de discernimento, emocional e espiritualmente equilibrada, consciente que seu chamado ministerial, sob a orientação do pastor, é servir sua congregação.

O serviço de diácono não se restringe em funções eclesiásticas, como servir a Santa Ceia e recolher dízimos e ofertas. É de suma importância atentar na Bíblia sobre a característica do trabalho de diácono. Eles eram incumbidos a agir intensamente na área social, chamados a interferir em favor de quem necessitava de ajuda, visitar viúvas e enfermos, amparar quem realmente precisava de amparo na igreja local.

Qualificações de caráter do diácono (1 Timóteo 3.13)

A ideia dominante entre os líderes do Novo Testamento era que o ministério pertencia a toda a comunidade dos crentes. O ordenação dos líderes era primazia na seleção de indivíduos de maturidade e caráter comprovados para liderar de modo que toda a igreja funcionasse efetivamente em louvor, ministério, extensão e no cumprimento de dons espirituais individuais.

As qualidades significativas esperadas no ministério do diácono estão claramente delineadas. O foco centra-se no caráter ético comprovado e sustentado: sobriedade, franqueza, probidade, preparo espiritual, autocontrole, afabilidade social, aversão aos excessos e à ganância, área familiar equilibrada e vida consagrada.

Tais qualidades são particularmente apropriadas naqueles que têm responsabilidades financeiras e administrativas, sendo que a proeminência do serviço social, na Igreja Primitiva, tornava a palavra "diakonos" em termo especialmente apropriado para tais pessoas - e especialmente em vista do fato que as festas de amor, que envolvia literalmente um serviço de mesas, era uma agência regular de caridade.

Dons e talentos ministeriais

A oração e o ministério da palavra devem ser prioridades ininterruptas da liderança, porém, tal necessidade não sugere que o ministério do diaconato, criado à benevolência, esteja em um patamar de menos importância na Igreja. Romanos 12.3-8 nos ensina que devemos respeitar tanto quem supre a carência de governo quanto de serviço, é preciso tratar com consideração a posição de cada indivíduo perante Deus. Nenhum ser deve se considerar insignificante e sem valor, pois é à imagem e semelhança do Criador. E ninguém deve se considerar mais digno, mais importante, mais merecedor de salvação ou mais indispensável do que qualquer outra. A posse de diferentes talentos e dons não denota diferenças de mérito, pois todos pertencem a um só corpo, e somos todos membros interdependentes. Pensar de outra maneira é distorcer a realidade. Cada indivíduo tem valor e méritos intrínsecos, da mesma forma que somos todos iguais perante Deus e Cristo.

Conclusão

A "diakonia" é um marca da Igreja de Cristo. Também, um dom especial, paralelo ao de profecia e de governo, porém, distinto da doação generosa - a ser exercido por aqueles que o possuem (Romanos 12.17; 1 Pedro 4.11).

No Novo Testamento, o termo diácono nunca perdeu sua conexão com o suprimento das necessidades e de serviços materiais (Romanos 15.25; 2 Corintios 8.4). Neste contexto, devemos considerar a ênfase de Cristo de que veio para servir e não para ser servido (Marcos 10.45).

O Senhor é o nosso Diácono por excelência (Lucas 22.28).

Compilações em:
Bíblia de Estudo Plenitude, página 1113, 1114, 1167, edição 2001, Barueri (Sociedade Bíblica do Brasil).
Dicionário Bíblico Universal - A. R. Buckland & Lukyn Williams, edição maio de 2007, página 165, São Paulo (Editora Vida). 
Ensinador Cristão, ano 15, nº 58, página 42, abril-junho de 2014, Rio de Janeiro (CPAD).
O Novo Dicionário da Bíblia, volume I, página 418, edição 1981, São Paulo (Edições Vida Nova).

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